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quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pastores sem Pastor

Alguém disse certa vez:
 "Quer saber quantos amigos você tem? Faça uma festa.
Mas se quiser saber quem é seu amigo? Fique doente."


Vivemos o tempo da falta de amigos verdadeiros, aqueles com que se pode descortinar a alma e não esconder mazelas e debilidades.

É usual para a grande parte dos pastores, mostrarem sempre a face de alguém imbatível, sempre invencível, quase angelical. Somos treinados a sorrir enquanto o coração chora, a externar marcas de infalibilidade, mesmo estando em grande angústia e dor. Com o tempo, nos tornamos argutos atores no palco eclesiástico, maquiando imperfeições e engolindo lágrimas.
Achamos que externar o choro da alma e compartilhar os defeitos são sinalizadores de fracasso ministerial e de covardia.
Mas nos enganamos, pois os valentes e corajosos podem viver e respirar em liberdade plena, porque ao abrirem o coração, são tratados e restaurados.

Você, meu caro colega de ministério, deve estar pensando:
- Sim, tudo isto é verdade. Mas abrir o coração pra quem?

Esta triste realidade entre a grande maioria de pastores revela um quadro dos mais nefastos em toda a caminhada da Igreja na Terra: a crise do amor fraternal em todos os níveis.

Certa vez atendi um pastor que me disse em lágrimas:
- Preciso que o irmão me escute e ore por mim.
Em meio à conversa, ele confessou que apesar de ter dezenas de colegas no ministério, a nenhum deles podia abrir o coração e chorar, pois isto seria matéria-prima para os mesmos arquitetarem o mal para tomarem o seu lugar. Que lástima! Que tristeza!
Oramos e choramos juntos por algumas vezes, até que pôde vencer com ajuda do Senhor. Hoje, tenho notícias de como este querido amigo tem sido usado por Deus para pastorear seus pares no Santo Ministério.

O que se diria de um pastor evangélico que toma seu carro, viaja uma hora todos os meses e procura um padre católico para conversar.
Por certo, a maioria esmagadora de "xiitas" espirituais chamaria tal pastor de herege, desviado ou coisa assim. Mas tal fato ocorreu com um pastor americano, por muitos meses, que por não ter um verdadeiro amigo em sua Convenção, encontrou em um sacerdote católico amizade sincera, ética e disposição para ouvi-lo. Que interessante, um pastor evangélico no confessionário...

Meus queridos pastores, busquemos um batismo de amor divino, o mesmo descrito em Romanos 5:5, e que esta bendita caudal inunde nossa alma pastoral de amabilidade e carinho.
Oro para que o pacto de amizade sincera e ajuda mútua praticada por Davi e Jonatas se repita em nosso labor, e que com o coração cheio de compaixão, possamos derramar sobre os nossos irmãos, o bálsamo da restauração.
Nossos ombros estarão aptos para receber, quando o nosso coração estiver cheio de amor e nossa língua disposta a dizer somente para Deus, tudo o que os nossos ouvidos ouviram dos soldados feridos de nosso exército.

No amor de Cristo que nos fez irmãos.

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